Foto: Igor Pereira |
A Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) deve criar, nos próximos dias, uma comissão específica para fiscalizar as ações do Governo de Alagoas durante a pandemia de Covid-19. A proposta surge no momento mais delicado do enfrentamento à doença, em que o número de mortes só aumenta, os empresários do setor de bares e restaurantes amargam prejuízos incalculáveis e 15 bebês da Santa Mônica tiveram resultado positivo para o vírus. Na visão da deputada Jó Pereira (MDB), o Executivo adota diálogo de ‘faz de conta’.
A Mesa Diretora do Poder Legislativo ainda vai estudar como será constituído o grupo que acompanhará todas as medidas tomadas pelo Palácio no combate ao coronavírus. O requerimento apresentado pelo deputado Ronaldo Medeiros (MDB) pede a formação de uma comissão em caráter especial, mas, citando o regimento, o presidente da ALE, deputado Marcelo Victor (SD), explicou que, legalmente, uma comissão deste caráter tem limitações. O mais viável seria criar um grupo temporário.
Durante a sessão plenária desta quarta-feira (10), os parlamentares sugeriram uma formação mista, inclusive com integrantes das comissões permanentes da Casa. Os membros discutiriam e avaliariam, rotineiramente, todas as ações do Governo de Alagoas no enfrentamento à pandemia.
Na avaliação da deputada Jó Pereira, a Assembleia Legislativa caminha por tomar esta medida pela ausência no ouvir, praticada, segundo ela, pela equipe comandada pelo governador Renan Filho (MDB). Ao lembrar o discurso que proferiu nessa terça-feira (09), a parlamentar cobrou diálogo produtivo do Executivo com a Casa de Tavares Bastos.
“O secretário Alexandre Ayres, da Saúde, prometeu que os membros da comissão de Saúde da Assembleia fariam parte da mesa de tomada de decisões nesta pandemia, mas nunca cumpriu. Sei que o combate é intenso, mas este Parlamento tem muito a contribuir neste período. O que se vê é um diálogo de 'faz de conta' no Governo do Estado”, critica Jó.
Ele frisou que, em maio do ano passado, alertou o titular da pasta da Saúde acerca da precariedade da Maternidade Escola Santa Mônica no trato de casos de alto risco. Para ela, a unidade nunca teve, fisicamente, como separar os leitos das gestantes e recém-nascidos dos pacientes ali internados com os que foram infectados por Covid-19.
“A política pública de atendimento à gestante de alto risco é de competência do Estado. A minha sugestão sempre foi deixar as gestantes e bebê infectados numa ala do Hospital da Mulher, que foi criado para ser anexo da Santa Mônica. O secretário erra ao dizer que está pronto para apoiar a maternidade, mas que a responsabilidade seria da Uncisal. A Uncisal é somente a prestadora do serviço, que vem sendo prejudicada pelo repasse escasso de recursos”, afirmou a deputada.
Ela recordou que, em dezembro do ano passado, três recém-nascidos da Santa Mônica pegaram coronavírus. “Como nada foi feito até agora, 15 bebê foram infectados desta vez, tendo que isolar a UTI Neonatal da maternidade”, ressaltou.
Governo atrapalha plano de vacinação dos municípios, diz deputado
O deputado Davi Maia (DEM) acusou o Governo de Alagoas de atrapalhar o plano de vacinação dos municípios. Em discurso na ALE, ele disse que o governador usa as redes sociais para antecipar cronograma de imunização, o que acaba, segundo ele, desestabilizando a rotina criada pelas prefeituras para vacinar a população.
“Ontem, o governador foi ao Twitter, assim como o secretário Alexandre Ayres, para anunciar a vacinação para o público de 77, 76 e 75 anos já a partir de quinta-feira. Renan Filho não aprendeu que isso não depende dele. Cabe ao Governo a logística da vacinação, receber do Governo Federal as doses, estocar e distribuir. Daí para frente, é de responsabilidade dos municípios. O Governo de Alagoas reclama do Governo Federal, mas não faz sua parte e ainda atrapalha os municípios em seus planos de imunização. Governador, pare de falar besteira”, falou.
O parlamentar ainda repercutiu a situação financeira dos empresários do setor de bares e restaurantes de Alagoas. Ele defende que se estabeleça a bandeira preta no Estado, por meio da qual ninguém pagaria imposto até que o Governo apresentasse uma política pública para manutenção dos empregos e das empresas.
Por: Thiago Gomes, Portal Gazetaweb.com
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