O garoto de 14 anos que matou a própria irmã a facadas se apresentou, nesta manhã, na Delegacia Especializada da Criança e do Adolescente, no bairro do Jacintinho. O menino chegou de capuz, acompanhado do pai, da madrasta e da mãe. Os familiares não quiseram falar com a imprensa, mas o presidente da Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas, Alan Pierre, defendeu que o menor seja internado em um hospital psiquiátrico e seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar.
A delegada Teíla Nogueira, que é a responsável pela investigação deste caso, vai ouvir o adolescente e decidir os próximos passos do inquérito. Os parentes dele também serão interrogados nesta apuração. Júlia Chauvin tinha 17 anos e dormia quando foi surpreendida pelas seis facadas desferidas pelo irmão. Ela morreu antes de ser socorrida. O assassinado aconteceu na casa deles, no conjunto Village Campestre II.
Em conversa com jornalistas, o representante da OAB esclareceu que a comissão tem interesse em acompanhar o caso e já o classifica como bastante emblemático. O advogado disse que passou o dia de ontem conversando com familiares, sobretudo o pai e a mãe do menino, para entender melhor o que pode ter acontecido para motivar o crime.
"Ao que tudo indica, é um problema de saúde mental e que este adolescente vai precisar de um apoio de todos e de uma equipe multidisciplinar, composta de psicólogos, psiquiatra e outros profissionais. Informações que obtivemos é de que se trata de um menino de excelente comportamento, criado com a mãe (os pais se separaram quando ele tinha 2 anos) e de família evangélica praticante", comentou Alan Pierre.
Segundo ele, os parentes relataram que não não há episódios de surtos psicóticos anteriores da parte do menino. Entretanto, há histórico de sonambulismo do pai e do tio dele. "Porém, os pais relataram que viram a criança falar sozinha enquanto dormia ou até acordada em várias ocasiões", destaca.
"A OAB sugere que este garoto passe por uma bateria de exames e tenha um acompanhamento médico para entender o que aconteceu. A mãe relata que era algo inexplicável para o fato".
Ele disse que a comissão vai pedir que o Estado dê todo suporte para que o adolescente seja avaliado psicologicamente, levando em consideração que ele não tomava medicamentos controlados, que não havia históricos de agressão e que a relação com a irmã era harmoniosa até então.
Na noite que antecedeu o crime, os dois assistiram ao filme Sniper Americano, que passou em TV aberta e que contém cenas de guerra. "Porém, nada leva a crer que ele tinha a intenção de cometer o ato brutal contra a própria irmã. A mãe tentou por um longo momento acordá-lo por acreditar que o menino estava fora de si. A família está toda transtornada e sem qualquer explicação para isto", afirmou.

Fonte: Gazetaweb