É comum qualquer pessoa que ao entrar em um estabelecimento comercial, se deparar com um(a) atendente que talvez não foi com sua “cara”. Ou não gostou de seu jeito... Postura, vestes etc. Sabemos que isso é corriqueiro em alguns lugares que passamos. E quando se trata de faculdade particular? Ah, a gente pensa que não, não é mesmo? Pois saiba senhor(a) leitor que também pode acontecer com qualquer um! Mas poucos de nós seres humano conseguimos nos colocar no lugar da outra pessoa e tentar interpretar e entender tal comportamento. 

Quando temos pouco tempo ou hora para resolver alguma pendência em uma instituição de ensino, o que não passa em nossas mentes é o que pode acontecer ali naquele lugar, e quando acontece o que devo fazer e qual atitude tomar. Irei narrar um acontecido em primeira pessoa para que vocês possam entender. 

No dia 13 de março de 2019, fui a uma universidade aqui de minha cidade em Maceió/AL. Preparei toda documentação que eu achara que era necessária de acordo com o que estava no edital. Confesso que um dia anterior eu não tinha lido o certame que concede às bolsas de estudos. Mais que nos dias 13 como citada no início desse parágrafo, eu tomei as rédeas e fui me certificar para levar os documentos necessários. 

Enfim, chega a hora de ir junto ao estabelecimento no período da tarde para efetuar a pré-matrícula. Ao chegar, logo deparo-me com uma jovem mulher que aparentava um semblante de preocupada, insatisfeita ou injustiçada com alguma coisa. 

Ao entrar na sala, sentei-me na cadeira. Olhei para minha frente e tinha um guichê de número 01, onde estava aquela mulher. Veja o desenrolar da conversa:

- Boa tarde, disse eu. 

Ela estava com as mãos abraçadas e encostada no queixo, onde apenas acenou com a cabeça. 

- Boa tarde! 

Novamente repeti a saudação em um tom para chamar à atenção de que estou aqui! 

- Boa tarde. Respondeu ela com um tom de insatisfação! 

Nesse momento perguntei quais documentos era necessário para que ela desse início ao procedimento da pré-matrícula. 

- Todos. 

- Quais? 

- Todos. Ela explicitou de forma clara. 

Nesse momento fiquei em silêncio prestando à atenção no que ela falara, mais logo interroguei-a ao apresentar os documentos com as fotocópias tudo em uma única folha. 

- Ela disse: Estar errado! Cada documento tem que ser em uma folha. 

Logo me chateei por ela ter dito isso e outras coisas referente ao edital. Quando me perguntou se eu tinha lido o edital, e afirmei que sim. Sem falar em meu comprovante de residência que naquele momento não tinha. 

Peguei minha pasta de documento e fui embora sem dar o devido valor aquela moça... E ao ter notado que, ela não me atendera, não me agradei da forma com que a cumprimentei para ir embora. Peguei um moto táxi e tomamos rumos a um cartório para autenticar um documento a punho. 

Naquele cartório em meu bairro, fiquei pensando no ocorrido, e também na possibilidade de não mais ir tentar concorrer àquela vaga. Mas, lembrei de uma frase que a disse ao sair! 

- Deixa essa vaga para outra pessoa. 

Foi assim que fui embora e por esse comportamento que tive com àquela mulher tomei motivos para voltar até lá. E pedi a Deus para que me permitisse ser atendido por à mesma mulher. 

Vocês não imaginam o que encontrei ao retornar aquela instituição no turno da noite! Ah, lembrando que fui com um primo meu, que a princípio foi para me acompanhar. Entrando na sala, os dois guinches estavam em atendimentos. E qual o que estava livre? O guinche número 01! Encontrei uma mulher com o mesmo semblante de insatisfação, aquele olhar, seus gestos com as mãos, eu tomei como se aquilo fosse um problema comigo, e era minha obrigação de fazê-la sorrir, e remover aquela mal imagem que eu causei a ela, como talvez ela a mim. Do tipo “Esse cara de novo?”, “Que saco”. Foi o que se passou em minha mente naquele instante. 

Priscilla era seu nome: 

- Boa noite! Exclamei para obter uma resposta satisfatória. 

- Ela balançou a cabeça. (Mais dessa vez, suas mãos estavam sobre à mesa). 

Novamente perguntei quais eram os documentos necessários para que ela pudesse dar início ao atendimento. Ela cruzou os braços e virou um pouco a cabeça como toda mulher que estar chateada faz, e me interrogou: 

- Você leu o edital? (Rosto de brava) 

Eu absorvi esse sentimento como – É agora que preciso fazer alguma coisa! 

- Perguntei: Você estar estressada? 

Ela virou-se para o outro guinche para pegar algo e disse-me enquanto estava à movimentasse: 

- Não. Eu tenho profissionalismo para saber separar essas coisas. 

Fiquei surpreso pois, ela acabara de me dizer que mesmo tendo profissionalismo, conseguir notar nela o que talvez uma minoria perceberia, que ela, naquele momento não estava conseguindo administrar esse sentimento. 

Agora começamos a entrar no título do nosso tema. Passe a sentir mais o que as pessoas sentem! Seja sensível com o próximo. Se você estar em paz e seu semelhante não estar... Passe para ele um pouco de sua paz e felicidade! Mas, Bruno como posso fazer isso? Veja. 

Quando sentir que aquela moça não estava me atendendo bem. Tentei administrar a situação, e quebrar aquele clima de insatisfação, talvez por ela não querer me atender ou por não ter gostado de minha pessoa e quem sabe também por estar irritada com alguém no âmbito de seu trabalho. O gatilho que me chamou muita atenção nela foi, seu cruzar de braços. A postura que o nosso corpo adquire quando falamos com outra pessoa tem mais significado do que podemos imaginar. 

A postura que tomamos pode facilitar o caminho para conquistar alguém, melhorar a nossa qualidade de expressão ou entender de maneira mais clara a quem nos acompanha. Dentro da linguagem corporal falamos de posturas abertas ou fechadas. As primeiras são aquelas posturas onde não há barreiras como os braços ou as pernas entre um interlocutor e outros. Pelo outro lado, estão as posturas fechadas onde, por exemplo, se usam os braços cruzados para isolar ou proteger o corpo (de forma inconsciente na maioria dos casos). 

Além do mais, é importante que a gente considere as posições ideais para falar de acordo ao caso, por exemplo: 

*Em situações competitivas: frente a frente
*Para ajudar ou cooperar: Ao lado
*Para conversar: Em ângulo reto

Postura da cabeça 


*Movimentos de lado a lado: negação.
*Movimentos para cima e para baixo: consentimento.
*Para cima: neutral ou examinador.
*Inclinada lateralmente: interesse
*Inclinada para baixo: desaprovação, atitude negativa.

Postura dos braços 

*Cruzado standard: postura defensiva, também pode significar insegurança.
*Cruzados mantendo os punhos fechados: sinal de defesa e hostilidade.
*Cruzar os braços segurando os braços: sinal de restrição. 

Postura das pernas 


*Cruzado standard: atitude defensiva.
*Cruzado em 4 (“tipo índio americano”): concorrência, discussão.
*Cruzado estando em pé: desconforto, tensão.
*Cruzar os calcanhares: dissimular uma atitude negativa. 

E foi assim que comecei a chamar à atenção daquela moça através do falar baixo. Mesmo ela sem entender eu continuei a insistir. Percebendo que seus ombros foram aliviando e se permitindo conversar mais e até ver um sorriso em seu rosto, eu fui buscando formas de aplicar meu lema de vida baseado nesse poema clássico:


NÃO SEI 

Não sei se a vida é curta ou longa para nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas. 

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe,
braço que envolve, palavra que conforta,
silencio que respeita, alegria que contagia,
lágrima que corre, olhar que acaricia,
desejo que sacia, amor que promove. 

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais, mas que seja intensa,
verdadeira, pura enquanto durar. 

Feliz aquele que transfere o que sabe
e aprende o que ensina”. 

Cora Coralina

E encerrando aquela pré-matrícula, percebi que ela estava sorrindo. Possa ser que um dos agravantes não foi minha forma discreta, mas fiz o que eu queria ter feito, deixei uma mensagem positiva para aquela mulher. Onde no bilhete que dizia mais ou menos assim: “Não permita que as pessoas consigam se fazer apresentar à tristeza para você e com isso deixa-lhes para baixo ou insatisfeita, irritada ou magoada.... Sorria, à vida é bela para se viver. Você tem qualidades que no momento possa não enxergar ou perceber, e as pessoas notam essas virtudes em te. Devido a essas qualidades eles tentam te deixar para baixo. Jamais mostre suas fraquezas, tenha fé... Tudo passa”. 

Sair daquela sala e ainda conseguir ter uma breve prosa de uns 30 segundos, prosa essa bastante peculiar onde deixei uma semente de felicidade e sorriso no rosto daquela mulher. A dica que deixo para as pessoas que às vezes querem tudo para se e não conseguem entender que próximo é um ser humano que tem sentimentos, chora, rir, tem necessidades e alegrias. Veja o poema de Cora Coralina – Não sei. Quando realmente entendi seu significado, passei a levar à vida de uma outra forma mais atraente e intensa... Ver o sorriso no rosto do próximo é uma alegria imensurável, que apenas poucos irão entender: Empatia humana!




Crônicas da vida real. Lima, Bruno Barbosa, sinta o que o outro sente, seja sensível com o ser humano.

Trilha sonora para leitura: