Líder chavista disse que passagem entre os países fica 'fechada total e absolutamente até novo aviso'. Medida vem em meio a pressão para que ele permita a entrada de ajuda humanitária.
Nicolás Maduro disse nesta quinta-feira (21) que a Venezuela irá fechar sua fronteira com o Brasil esta noite, a partir das 20 horas, pela hora local -- 21 horas em Brasília.
"A partir das 20h de hoje, quinta-feira, 21 de fevereiro, fica fechada total e absolutamente, até novo aviso, a fronteira com o Brasil", afirmou o líder chavista em fala exibida no canal estatal VTV. "Vale mais prevenir do que lamentar."
O anúncio acontece em meio à pressão para que ele permita a entrada de ajuda humanitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos após pedido do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a oferta dessa ajuda como uma interferência externa na política do país.
Após o anúncio, muitos venezuelanos correram para vir ao Brasil e comprar estoques de mantimentos em Pacaraima (RR). "Estamos correndo contra o tempo o mais rápido possível para poder passar antes que a fronteira feche", disse o venezuelano Genson Medina, de 22 anos.
O porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, Otávio Rêgo Barros, informou em uma entrevista coletiva que o Brasil mantém a programação de enviar a ajuda humanitária no próximo dia 23.
De acordo com o porta-voz, os medicamentos e os alimentos serão transportados até Boa Vista e Pacaraima por motoristas brasileiros. A partir da fronteira, explicou, deverão ser transportados por motoristas venezuelanos.
O chavista também está estudando o fechamento da fronteira venezuelana com a Colômbia. Guaidó iniciou nesta quinta uma viagem em comboio de 800 km à fronteira da Colômbia, onde vai pressionar pela entrada de ajuda humanitária.
A Guarda Nacional da Venezuela chegou a interromper a viagem de uma caravana de deputados da oposição que se dirigem para essa fronteira, o que obrigou os líderes a descer dos ônibus no túnel de La Cabrera, que une os estados centrais de Aragua e Carabobo.
Houve um princípio de conflito, e membros da Guarda lançaram gás lacrimogêneo nos deputados, que apenas horas mais tarde conseguiram seguir viagem.
Esta é a segunda vez que a Venezuela fecha sua fronteira com o Brasil em menos de um ano. Em maio de 2018, venezuelanos e brasileiros foram impedidos de cruzar os limites entre os países durante três dias por causa da eleição presidencial na qual Maduro foi reeleito.
Na ocasião, a fronteira foi fechada às 21 horas de 18 de maio, uma sexta-feira, e assim permaneceu até às 6 horas da segunda-feira, dia 21.
Mas, ao mesmo tempo em que rejeita a entrada no país de ajuda humanitária vinda dos EUA e de países vizinhos, Maduro anunciou nesta quinta-feira a chegada de 7,5 toneladas de medicamentos vindos da Rússia. Ele diz, porém, que o governo venezuelano está pagando pelos remédios.
"É assistência humanitária, apoio humanitário porque está vencendo um bloqueio, mas os venezuelanos não são mendigos de ninguém e é por isso que nós continuamos saldando todas as nossas dívidas", disse.
Segundo Maduro, a Venezuela sofre com um bloqueio promovido pelos Estados Unidos, devido às sanções que este país aplica a setores do governo venezuelano.
'Venezuela Aid Live'
No próximo sábado está marcado um "grande show" no lado colombiano da fronteira, chamado "Venezuela Aid Live", que foi anunciado no dia 14 de fevereiro pelo empresário britânico Richard Branson, fundador do Grupo Virgin.
Reconhecido por dezenas de países como o chefe de Estado legítimo da Venezuela, Guaidó disse que seu movimento pretende recolher a ajuda por terra e mar no sábado para aliviar a escassez generalizada de alimentos e remédios. Ele fez campanha para que os venezuelanos se voluntariassem para trabalhar na distribuição da ajuda.
Guaidó anunciou que nesta quinta foram enviadas de Miami a Curaçao mais 50 toneladas de produtos doados por venezuelanos que moram na cidade americana.
Fonte: G1
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