Recentemente, um cover da versão do Guns N’ Roses de Knocking On Heavens Door se tornou um viral no Brasil. Levando em conta que há vários covers do Guns no YouTube, é de se vangloriar quando algum se destaca entre tantas outras versões louváveis.


O que mais chamou a atenção do público para o cover da banda paulista Last Lover foi a qualidade técnica. Os arranjos e a gravação limpa renderam elogios dos fãs de Guns N’ Roses para a música – que também é uma versão, composta originalmente pelo Bob Dylan.

O vocalista da Last Lover frisa que esse nem foi o vídeo da banda que mais repercutiu, mas confessa ter ficado bastante feliz com o viral.

“A repercussão está muito boa, além de abrir novas portas nessa longa e árdua caminhada que é ter uma banda de rock nos dias atuais”, destacou o vocalista do grupo, Salomax.

Assim como muitas bandas do país, a Last Lover tem um trabalho totalmente independente. E, além dos covers, a banda ainda tem seus projetos autorais em andamento.

Pensando no trabalho árduo que é divulgar sua música sem nenhum apoio e levando em conta a merecida repercussão dos vídeos do Last Lover, conversamos com o vocalista para entender melhor os processos para buscar seu lugar ao sol no mercado musical brasileiro.


SLXÀs vezes. O nosso principal intuito ao fazermos vídeos covers é chamar a atenção do público para a nossa música autoral. Não temos uma preocupação excessiva em relação à estética ou como as pessoas irão encarar esses covers. Existem músicas que fazemos questão de tocar do jeito original, porque gostamos assim, e em outras, a gente prefere tocar da nossa maneira. Mas, no geral, não existe uma preocupação quanto a isso. Nos preocupamos apenar em soar muito bem.

CC: Muita gente considera o trabalho de cover como um “trampolim” para a banda poder divulgar um trabalho autoral. Vocês concordam com isso?
SLX: Em se tratando de rock, com certeza! O público do rock é muito exigente e muitas vezes bem avesso à novidades e novas bandas. Fazer um cover bem feito ajuda a amolecer essa casca que separa o fã do rock de novas bandas e sons. A pessoa pensa: “Pô, o cover dos caras é foda, fiquei curioso para conhecer as autorais deles…”. Coisa que dificilmente aconteceria sem essa boa impressão causada pelo cover.
CC: Uma curiosidade: a videoaula dessa música é uma das mais buscadas no Cifra Club na categoria rock. 
SLX: Nós usamos muito o Cifra Club! Principalmente no início da nossa jornada na música. Hoje em dia é bem mais tranquilo pegarmos músicas de ouvido, mas sempre que temos alguma dúvida, recorremos ao site.
CC: É bem interessante o recado que vocês mandaram no vídeo de Knockin On Heavens Door, “faça a sua parte para o rock voltar a brilhar”. Vocês acreditam que o gênero perdeu força nos últimos anos? A quê vocês atribuem isso?
SLX: Com certeza perdeu. Acredito que isso se deu pela falta de renovação e de novas bandas que fizessem canções realmente interessantes. Os fãs de rock estão presos às grandes bandas que fizeram sucesso no passado, como A/CDC, Metallica, Guns N’ Roses, Queen, entre várias outras, pois ainda não apareceu nenhuma banda nova que fosse um expoente de um renascimento de uma nova era do rock. E é isso que queremos, fazer o rock voltar a brilhar, pois temos boas canções para isso.
CC: Com as redes sociais a proximidade entre artista e fã se estreitou, mas nem todos os artistas veem isso de forma positiva porque parece que as críticas também ficam mais escancaradas. Hoje não é preciso mais comprar um jornal para saber o que pensam sobre a sua banda, por exemplo. O que vocês acham disso? Veem com pessimismo ou como algo positivo?
Nós sempre procuramos ver as coisas sob uma perspectiva positiva, mesmo quando tudo parece uma desgraça. Os haters, quando não inventam, encontram defeitos que nós não percebemos ou negligenciamos em nosso som, e ao invés de nos prejudicar, nos ajudam! A gente usa isso para poder melhorar cada vez mais. Eles acabam sempre fazendo deles mesmos seres humanos cada vez piores, e de nós, artistas cada vez melhores.
CC: Contem um pouco sobre o processo de produção do novo CD. É totalmente independente, certo? Como é produzir um disco dessa maneira?
SLX: Sim, o nosso CD é 100% independente. As músicas foram todas compostas por mim. Também fui responsável por todo o processo de produção do disco, desde os arranjos até a masterização. Produzir um disco sozinho, ainda mais sendo marinheiro de primeira viagem, foi uma loucura! Foram 9 meses praticamente sem dormir, tendo que conciliar trabalho, casamento, estudos incansáveis sobre áudio nos mais diversos aspectos e todas as fases que fazem parte da produção de um disco. Paramos de ensaiar e de fazer shows durante todos esses meses para que o CD pudesse sair. E, graças a Deus, ficou muito melhor do que imaginávamos! Valeu a pena todo o esforço.
CC: Vocês podem dar alguma dica para uma banda que também esteja produzindo o seu som independente?
SLX: Sim: invistam nas composições. Uma boa música gravada no gravador de som do celular não vai deixar de ser uma boa música. Só que uma música ruim pode ter sido gravada e produzida pelo melhor produtor, engenheiro de som e estúdio do mundo, mas vai continuar sendo uma música ruim. Então, foquem no que é mais importante: a qualidade do seu trabalho.


Fonte: Cifra Club News